Pode ser um choque aperceber-se pela primeira
vez de que existe algo dentro de si que procura periodicamente a negatividade
emocional, que busca a infelicidade. É preciso termos mais consciência para
reconhecermos em nós mesmos do que nos outros. Assim que a infelicidade nos
domina, nós não queremos que ela acabe, como também queremos que os outros se
sintam tão infelizes como nós, para nos alimentarmos das suas reacções
emocionais negativas.
Na maior parte das pessoas, o corpo de dor pode
encontrar-se num estado latente ou activo. Quando está latente, é fácil
esquecermo-nos de que carregamos dentro de nós uma pesada nuvem escura ou um
vulcão adormecido, dependendo do campo energético do nosso corpo de dor
específico. O tempo durante o qual permanece latente varia de pessoa para
pessoa: o mais comum é durar apenas algumas semanas, mas pode ser apenas alguns
dias ou até vários meses. Em alguns casos raros, o corpo de dor pode permanecer
num estado de hibernação durante anos até ser desencadeado por algum
acontecimento.
(...) Se vivermos sozinhos ou estivermos a
maior parte do tempo sozinhos, o corpo de dor alimenta-se dos nossos
pensamentos. De repente, os nossos pensamentos tornam-se profundamente
negativos. É provavel que não tenhamos consciência de que, mesmo antes de de se
verificar o afluxo de pensamentos negativos, existe uma onda de emoção que
invade a nossa mente - na forma de um humor sombrio e pesado, de ansiedade ou de
uma ira inflamada. Todos os pensamentos são energia e o corpo de dor alimenta-se
da energia dos nossos pensamentos. Mas não de quaisquer pensamentos. Não é
necessário termos uma sensibilidade particularmente apurada para percebermos que
um pensamento positivo apresenta uma vibração totalmente diferente da vibração
de um pensamento negativo. É a mesma energia mas vibra numa frequência
diferente. Um pensamento positivo e feliz não é digerível pelo corpo de dor. Ele
só se pode alimentar de pensamentos negativos, pois só estes são compatíveis com
o seu próprio campo energético.
(...) A emoção do corpo de dor assume
rapidamente o controlo do nosso pensamento, e assim que a nossa mente é dominada
pelo corpo de dor, os nossos pensamentos tornam-se negativos. A voz que existe
dentro da nossa cabeça começa a contar histórias de tristeza, ansiedade ou ira
sobre nós e sobre a nossa vida, sobre as outras pessoas, sobre o passado, o
futuro ou acontecimentos imaginários. A voz tem um tom acusador, de censura,
lamento e fantasia. E nós identificamo-nos completamente com tudo o que a voz
diz, acreditamos em todos os seus pensamentos distorcidos. Nesta fase, a
dependência da infelicidade, já se instalou.
(...) Chega a uma altura que, após algumas
horas ou até alguns dias, em que o corpo de dor está totalmente reabastecido e
regressa ao seu estado latente, deixando atrás de si um organismo esgotado e um
corpo muito mais susceptível à doença.
Como te libertas do corpo de dor?
O inicio da libertação do corpo de dor começa em primeiro lugar, por nos apercebermos que temos um corpo de dor. Depois, e igualmente de suma importância, surge a nossa capacidade de permanecermos suficientemente presentes e alerta para nos darmos conta do corpo de dor existente em nós mesmos, que assume um pesado fluxo de emoções negativas quando está activo. Ao ser reconhecido, o corpo de dor já não pode fazer-se passar por nós, nem pode permanecer vivo e continuar a fortalecer-se através de nós.
É a nossa Presença consciente que quebra a
nossa identificação com o corpo de dor. Quando não nos identificamos com o nosso
corpo de dor, este deixa de conseguir controlar o pensamento e por isso, não se
consegue fortalecer alimentando-se dos nossos pensamentos. (...) O nosso
pensamento deixa de ser ensombrado pelas emoções; as nossas percepções do
presente deixam de ser distorcidas pelo passado. A energia que estava presa ao
corpo muda então a sua frequência vibratória e é transmutada em Presença. Desta
forma, o corpo de dor transforma-se em alimento para a
consciência.
Excerto de Um Novo Mundo - Eckart Tolle
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